Trabalhismo, Populismo e Propaganda no Governo Vargas

 Trabalhismo, Populismo e Propaganda no Governo Vargas

A partir da década de 1930, vislumbramos um novo cenário político no Brasil onde a relação dos cidadãos e as instituições de controle político sofrem uma sensível mudança. A nação, grosso modo, sofreu uma mudança em sua arena política. Nesta época, as populações camponesas deixaram de representar a maioria dos cidadãos e trabalhadores que configuraram o cenário político dessas nações. Para tanto, os processos de industrialização e urbanização são de fundamental importância.

De acordo com alguns historiadores, a expansão das cidades vai criar um processo de complexificação das relações entre o capital e o trabalho. Tal fato se exprimira em um processo onde os antagonismos entre as classes operárias e os capitalistas vão se avolumar de tal maneira nunca antes vista. Agrupados em instituições sindicais, os trabalhadores vão exigir melhores condições de vida e trabalho em um contexto intelectual de plena modernização das ideias e dos governos.

No entanto, o que significava esta modernidade? Significava o fortalecimento de regimes democráticos através de eleições livres e diretas que pudessem dar o direito de ampla participação política ao cidadão. De tal maneira, poderíamos agora supor que as classes trabalhadoras (agora majoritariamente urbanas) tivessem como, principalmente por meio dos novos meios de informação (rádio e TV), protagonizar as principais decisões políticas de seu tempo.

Essa possibilidade de articulação e mobilização da população pode ser observada na ascensão dos sindicatos, greves e partidos de oposição que se mobilizaram frente ao governo. No entanto, aqui no Brasil, o Governo de Getúlio Vargas será de fundamental importância para que essa mobilização se desarticule por meio de dois elementos fundamentais: a propaganda e o controle.

Vargas desenvolveu uma propaganda massiva de sua imagem e de seus feitos, apresentando-se como mediador de conflitos entre trabalhadores e patrões e como o benfeitor dos pobres. Essa propaganda intensificou-se a partir do Estado Novo (1937-45), quando, por meio de um governo ditatorial, controlou e censurou intensamente publicações e manifestações, banindo as que criticassem o seu governo. Isso foi possível graças à criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), em 1939.

As cartilhas foram outro instrumento amplamente utilizado pela propaganda getulista durante o regime. Destinadas a um público infanto-juvenil e distribuídas nas escolas, as cartilhas visavam educar nos princípios do Estado Novo. Nesse sentido, elas tinham como premissa cultivar o amor pela pátria e criar uma espécie de culto ao líder. Com a nacionalização da educação, a proibição de escolas estrangeiras e a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública em 1930, as crianças e os jovens eram apontados como o “futuro da nação”.

Essas características do governo Vargas relacionam-se ao que denominamos “populismo”, um conjunto de práticas políticas que se desenvolveram sobretudo na América Latina, a partir de 1930, baseadas no estabelecimento de uma política de relação direta e não institucionalizada entre o líder “carismático” e as massas, com forte discurso nacionalista, de conciliação de classes, clientelista e um sistema partidário frágil. Dirigindo-se diretamente às massas, os líderes populistas foram hábeis, por um lado, na contenção de greves e manifestações de trabalhadores, satisfazendo os interesses dos patrões, e, por outro, no atendimento a demandas de trabalhadores e movimentos sociais.  

Fontes (adaptadas): https://nastramasdeclio.com.br/historia/propaganda-getulista-material-para-analise/ e https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-populismo.htm


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