A Revolução Russa (1917)
A RÚSSIA ANTES DA
REVOLUÇÃO
A Rússia é um país da Eurásia com a maior extensão territorial do mundo (mais de 17 milhões de km²). É
a 9ª economia mundial e é rica em petróleo e gás. Hoje possui uma economia de mercado, voltada para a
obtenção de lucros (economia capitalista), mas já integrou uma nação comunista,
de 1917 a 1991, com governo de partido único e produção voltada para o bem
comum.
Na virada do séc. XIX para o séc.
XX, a Rússia era uma monarquia
autocrática governada por um czar (imperador) que concentrava todos os
poderes e que mantinha uma administração centralizada e burocratizada. Além
disso, havia a união entre Estado e a
Igreja Ortodoxa. O czar era chefe do Estado e seu poder era considerado
sagrado.
A sociedade russa do começo do séc. XX era
majoritariamente constituída por camponeses
explorados por uma nobreza
latifundiária e a burguesia.
Pode-se dizer que a organização social do Império Russo apresentava inúmeros
elementos feudais, onde o Czar e sua família, os nobres russos e o clero
ortodoxo detinham os privilégios e dominavam as terras. A servidão foi abolida somente em 1861, mas as condições de vida
dos camponeses foi pouco alterada.
O desenvolvimento
industrial russo iniciou-se no final do séc. XIX, principalmente no governo
do Czar Alexandre II, que foi possível apenas com o aumento de impostos e
financiamento estrangeiro, principalmente para a exploração de petróleo e
produção de aço. Muitos trabalhadores foram então atraídos para as cidades, deixando
o campo, mas, acabaram submetidos a baixos salários e jornadas de trabalho
excessivas, formando uma importante
classe operária, que, até o ano de 1905, eram proibidos de se organizar em
sindicatos.
No entanto, apesar da instalação de indústrias nas
principais cidades russas, a economia ainda baseava-se na agricultura. E essa contradição criou na Rússia uma realidade
sociopolítica tensa e contraditória. Nesse contexto, surgiu uma liderança
política revolucionária, formada por novos intelectuais, portadora de uma
cultura não religiosa e contrária às camadas aristocráticas.
Devido às péssimas condições de
vida, muitos trabalhadores passaram a organizar manifestações, greves e
passeatas, influenciados pelos ideais socialistas de Karl Marx e Friedrich
Engels. Porém, o governo czarista reprimia violentamente esses movimentos e
passou a perseguir os líderes dos partidos surgidos na virada do séc. XIX para
o XX que faziam oposição ao governo.
Dentre os partidos de oposição, destacou-se o Partido Operário Social-Democrata Russo
(POSDR), afeito às propostas revolucionárias de caráter comunista. É
importante ressaltar que a perseguição feita pela polícia do Czar desorganizou
o partido e líderes como Lênin e Trotski tiveram que deixar a Rússia, passando
a se organizar no exterior.
Assim, durante um congresso realizado em Londres, no
ano de 1903, algumas divergências entre os líderes do partido levaram o POSDR a
se dividir em duas linhas: os mencheviques
(que significa minoria) que acreditam que o
socialismo poderia ser alcançado pelas vias democráticas, através das
disputas eleitorais e com o apoio gradativo do proletariado russo; e os bolcheviques (que significa
maioria), que defendiam a derrubada
imediata do czar e o início de vanguarda revolucionária.
Para agravar ainda mais a situação de descontentamento
tanto no campo, como nas cidades, no ano de 1905, o Japão venceu a Rússia na
disputa pela Manchúria, região que fica no nordeste da China.
Nesta ocasião, trabalhadores encaminharam uma petição
ao czar em tom suplicante, haja vista que, após a derrota na Guerra
Russo-Japonesa (1904-1905), a situação precária da população e das tropas
envolvidas na guerra agravou-se. Então, em 22 de janeiro de 1905, a multidão se dirigiu pacífica ao
palácio do monarca reivindicando melhores salários e redução da jornada de
trabalho, no entanto, foi recebida a balas pela guarda do governo (os
cossacos). Esse episódio ficou conhecido com o "Domingo Sangrento", onde centenas de trabalhadores foram
mortos e outros milhares ficaram feridos. Depois desse ocorrido, a população
reagiu imediatamente, protestando e fazendo greves por todo o país. Nesse
contexto surgiram os sovietes, uma
espécie de conselhos de trabalhadores, soldados e camponeses, liderados principalmente
pelo bolchevique Lênin (Vladimir Ilich Ulianov).
Frente à pressão popular, o czar Nicolau II se viu sem
saída e convocou uma Assembleia Constituinte conhecida como Duma, que prometeu realizar reformas e
respeitar os direitos civis. Com isso, o czar conseguiu manter-se no poder.
Mas, assim que conseguiu reequilibrar as suas forças, dissolveu a Duma, passou
a perseguir, prender e até mesmo a matar pessoas contrárias ao regime czarista.
Dessa forma, o principal líder dos sovietes, Lênin, teve de exilar-se na Suíça.
A REVOLUÇÃO DE 1917 E O GOVERNO DE LÊNIN
Com o início da Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), a Rússia entrou no conflito ao lado da Tríplice Entente
(Inglaterra, França, Rússia), lutando contra os países que compunham a Tríplice
Aliança. As tropas russas enfrentaram, sobretudo, as tropas alemãs, cujo
poderio militar era superior. À medida que o conflito se prolongava, o exército
russo sofria derrotas, baixas e deserções, e a Rússia entrava em colapso: o
aumento da pobreza e uma onda de fome em 1917 completou esse contexto de crise.
Exigindo respostas que nunca vinham ou que eram
insuficientes, em fevereiro de 1917, foi desferido um golpe de Estado que
derrubou o czar Nicolau II e colocou no seu lugar uma monarquia constitucional,
liderada pelo militar russo Kerensky, representante dos mencheviques. Todavia,
os bolcheviques exigiam a saída imediata da Rússia da Primeira Guerra Mundial,
enquanto Kerensky pregava a necessidade do país ganhar a guerra para sair de
cabeça erguida.
Nesse contexto, os sovietes, que haviam sido extintos
em 1905, ressurgiram em 1917, liderados pelos representantes bolcheviques Lênin
(Vladimir Ilich Ulianov) e Trotsky (Leon Davidovich Bronstein). Em outubro de
1917, os bolcheviques mobilizaram a população e derrubaram o governo de
Kerensky sob o lema "paz, terra e
pão" e "todo poder aos
sovietes". Sob a liderança bolchevique de Lênin, a Rússia saiu do
conflito mundial e assinou um acordo de paz com a Alemanha em 1918, o Tratado de Brest-Litovsky.
Economicamente, Lenin introduziu o sistema socialista na Rússia, redistribuindo as terras para os trabalhadores do
campo, nacionalizando os bancos e entregando as fábricas nas mãos dos
trabalhadores.
À saída de Rússia da Primeira Guerra seguiu-se o
começo de uma guerra civil em solo russo entre as pessoas que defendiam o
regime czarista (Exército Branco)
contra os sovietes (Exército Vermelho,
liderado por Trotsky).
Neste contexto conflituoso, onde a Rússia passava por
profundas dificuldades, Lênin, agora na liderança do país, promulgou a NEP (Nova Política Econômica), em que reintroduziu
algumas práticas capitalistas para dinamizar a economia que estava sob total
controle do governo bolchevique.
Apesar de basear-se nas teorias marxistas, sobretudo
na ditadura do proletariado, o que
se viu na prática foi a implementação de uma ditadura do Partido Bolchevique, agora chamado Partido Comunista Russo. Ainda sob a liderança de Lênin, a Rússia
ganhou uma nova Constituição no ano de 1923 e passou a se chamar União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Stálin e os Planos Quinquenais
No ano de 1924, com a morte de
Lênin, Josef Stálin
(secretário-geral do Partido Comunista) e
Léon Trotsky passaram a disputar o poder na Rússia. Todavia, as
divergências entre eles ficavam cada vez mais aparentes: enquanto Trotsky
pregava que a Rússia só estaria segura quando o capitalismo fosse extinto em
todo o planeta, e que, portanto, a Rússia deveria apoiar os partidos comunistas
de todo o mundo, dando início a uma "revolução
permanente"; Josef Stálin pregava que o comunismo deveria se
consolidar primeiramente na Rússia, ou seja, "socialismo em só país", para depois se expandir. Os
membros do Partido Comunista votaram na proposta defendida por Stálin que,
vitorioso, passou a perseguir Trotsky e seus seguidores, obrigando-o a fugir da
URSS.
Durante seu governo, Stálin implementou os chamados "Planos Quinquenais",
empreendendo a coletivização das
propriedades estatais e incentivando o desenvolvimento da indústria de base a partir do financiamento dos setores de educação e
tecnologia. Contudo, Stálin consolidou o seu poder perseguindo e condenando seus opositores, obrigando-os a trabalhos
forçados na Sibéria.
Stálin governou a URSS por 29 anos, de 1924 a 1953,
quando faleceu. No seu governo a URSS transformou-se numa potência à custa do autoritarismo da ditadura stalinista e pela
falta de liberdade.
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